sexta-feira, 11 de junho de 2010

A cova da morta

Quando eu andava no 3º ano, fui transferida para outra escola. Arranjei lá umas amigas que uma vez me vieram mostrar um buraco num campo que havia nas traseiras da escola e diziam que era a cova da morta. Eu, que não acreditava nada disso gozava imenso com elas. Bem, a história que elas me contavam era que havia uma funcionaria do refeitório, ruiva e de olhos verdes, muito branquinha e lindíssima, que tinha epilepsia e todas as crianças gozavam com ela e diziam que ela tava possuída. Uma vez ela agarrou numa faca e disse, furiosa: "odeio estas crianças! Só me apetece mata-las a todas para não me chatearem mais!" E com isto ela tropeçou e caiu em cima da faca, que lhe espetou em cheio no coração, e foi enterrada na escola. Então nós que éramos pequenas gozávamos com aquilo. Fazíamos rodas em frente á cova a gritar pela morta e a dançar pra ela. E uma vez eu agarrei num casaco de um colega meu e atirei para cima da cova e ele ficou mal, todo ofendido, e disse "ah! Se vocês querem tanto saber se a morta existiu ou não, façam o jogo do copo!”. E pronto, eu tinha um gibi da turma da Mônica em que tava lá uma historinha com eles a jogar o jogo do copo e fui imitar. Fiz os quadrinhos com as letras do alfabeto e os outros dois com as palavras "sim" e "não". Levei tudo para a escola e sentamo-nos em roda e perguntamos todas em conjunto "A MORTA EXISTE?". Estava um dia de calor, sem vento, sem a mínima brisa. E, mal acabamos a pergunta, veio um vento muito forte que bateu no copo e fez com que ele se partisse no sim! Ficamos tão assustadas que nunca mais gozamos com a morta nem nunca mais nos aproximamos da cova dela!

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